Uma fragrância que deixou de ser desfrutada há mais de 2 mil anos voltou a dar o ar da graça no mundo com a reconstituição de um perfume egípcio por pesquisadores.
O berço deste aroma do passado é a cidade de Tmuis, no delta do rio Nilo, onde pesquisadores das universidades do Havaí em Mānoa e de Tyumen (Rússia) fazem escavações e estudos há mais de uma década.
Os coordenadores do projeto UH Tell Timai, Robert Littman e Jay Silverstein, encarregaram dois especialistas em perfumes do Egito antigo, Dora Goldsmith e Sean Coughlin, de reconstituir fragrâncias a partir de análises químicas de achados arqueológicos e fórmulas preservadas em textos da Grécia Antiga.
Os resultados vieram na forma dos perfumes tipo mendesiano e metopiano, os mais desejados naquele período – como o "Chanel n. 5" do Egito Antigo, brincou Littman. Estas fragrâncias têm como material de base a mirra, uma resina extraída de várias espécies de árvores pequenas e espinhosas.
"Que emoção, sentir um perfume que ninguém sente há dois mil anos e que Cleópatra poderia ter usado", comemorou Littman em um comunicado à imprensa, fazendo referência à última governante do Egito antes da ascendência dos romanos, que viveu de 69 a.C. a 30 a.C.
Goldsmith e Coughlin, pesquisadores na Alemanha, foram mais cautelosos e, em entrevista à BBC Arabic (o serviço de notícias em árabe da BBC), disseram nunca ter reivindicado que o perfume tenha sido usado por Cleópatra. Segundo eles, não há provas disso.
"O que dissemos é que nosso experimento é o mais próximo da fragrância original, segundo as práticas científicas atuais", disse Goldsmith, acrescentando que ela e sua equipe continuarão tentando alcançar uma versão mais próxima dos perfumes de Tmuis.
Silverstein também falou com a BBC. "Sabemos com certeza que Cleópatra não viveu nesta região do Delta do Nilo, mas ela tinha interesse em perfumes e pode ter usado fragrâncias desta área", explicou.
Se não é possível confirmar se Cleópatra usou ou não o perfume há mais de 2 mil anos, pelo menos no mundo de hoje, alguns felizardos – e reles mortais – puderam desfrutar do aroma reconstituído por Goldsmith e Coughlin na exposição da National Geographic Society Queens of Egypt em Washington, a capital americana.
Na primeira fase do projeto UH Tell Timai, escavações revelaram resquícios desta indústria de fragrâncias do Egito Antigo.
Foi o caso de um vasto complexo de fornos do século 3 a.C. Análises químicas encontraram indícios de que eram usados para fabricar lécitos ou vasos de perfume com argila importada.
A descoberta de uma ocupação romana posterior revelou um forno de fabricação de vidro, o que indica a transição do uso da cerâmica para o vidro em recipientes de perfumes.
Em 2012, foram encontradas moedas de prata e jóias de ouro e prata perto de um área de trabalho, o que pode indicar que se tratava da casa de um comerciante de perfumes.
Atualmente, estão sob análise ânforas antigas encontradas no local de escavação e que podem conter vestígios identificáveis dos líquidos ali produzidos.
Fonte: Portal G1
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