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Jovem descobre novas espécies de serpente e estrela-do-mar em região a 200 km do oceano

Malton Carvalho Fraga analisou amostras coletadas durante 30 anos pela UFPR — Foto: Arquivo Pessoal

Um jovem universitário descobriu durante um projeto de iniciação científica novas espécies de serpente e estrela-do-mar, que foram encontradas por meio de fósseis coletados em cidades da região dos Campos Gerais do Paraná.

Pesquisas mostram que a área — atualmente a 200 km do Oceano Atlântico — já foi um dia coberta pelo mar.

O estudante de geologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Malton Carvalho Fraga, 23 anos, fez as descobertas analisando amostras colhidas nas últimas três décadas em cidades como Jaguariaíva e Ponta Grossa.

Os fósseis têm entre 359 milhões e 416 milhões de anos, conforme a pesquisa. Isso significa que os seres vivos catalogados passaram pelo planeta antes mesmo dos dinossauros.

Malton conta que antes de iniciar a análise das amostras descobriu que nenhum pesquisador havia publicado material sobre os tipos de fósseis coletados no Paraná em mais de 100 anos, o que chamou a atenção.

"A única vez que alguém descreveu espécies desses fósseis no Paraná foi em 1913. Nos últimos anos, o pessoal coletava com frequência fósseis desses animais", diz o estudante.

O universitário notou que as coletas dos fósseis foram atribuídas a espécies que já eram conhecidas. No entanto, fazendo a análise das amostras, encontrou diferenças."Quando eu sentei para comparar, ver esqueleto e morfologia, falei: 'opa, tem coisa diferente'. Busquei outras espécies de outros locais, conversei com pesquisadores estrangeiros e vi que eram duas espécies novas", conta.

A pesquisa teve a orientação da professora e paleontóloga do Departamento de Geologia da UFPR Cristina Silveira Vega.


Marginix notatus é uma espécie de serpente-do-mar — Foto: UFPR/Divulgação

Mar nos Campos Gerais

As amostras de espécies marinhas foram encontradas em cidades que estão atualmente a, pelo menos, 200 km de distância do oceano.

Os fósseis só confirmam o que é fato para os pesquisadores há algum tempo: a região dos Campos Gerais já foi coberta pelo mar.

"Essa região um dia foi um fundo de mar. Temos vários fósseis que atestam a origem marinha dessa região. Com o estudo dos fósseis e das camadas de rocha conseguimos mostrar isso para o público", explica a professora Cristina Silveira Vega.

A movimentação de placas tectônicas ajudam a explicar como as características de regiões de todo o planeta foram sofrendo alterações durante milhares de ano, e continuam se modificando todos os dias."O movimento geológico do planeta, que não é visível diretamente aos nossos olhos, faz com que surjam cadeias de montanhas, que apareçam mares. O que hoje a gente vê como mar, provavelmente no futuro não será mais assim", afirma.

A Estrela do Paraná

As amostras analisadas por Malton eram tão diferentes que não se encaixavam em nenhum gênero de espécies já catalogadas. Por conta disso, o trabalho dele foi além da descoberta da espécie.

Para a estrela-do-mar, foram descobertos a família Paranasteridae, o gênero Paranaster e a espécie Paranaster crucis."O crucis da espécie é em homenagem ao ossículo que ela tem no esqueleto, que é em forma de cruz. O gênero Paranaster é uma homenagem ao Paraná, sendo 'aster' estrela, ou seja a 'Estrela do Paraná'", explica.

Para a serpente-do-mar, foi criada a espécie Marginix notatus. O notatus faz referência a uma característica da espécie, que tem um disco central bem evidente, segundo o estudante.

Ainda durante a pesquisa, Malton notou que uma espécie de estrela-do-mar estava catalogada no gênero errado. Por este motivo, teve que criar o gênero Magnasterella, revisando a descoberta publicada em 1913.

Os termos gênero, família e espécie são utilizados na biologia para a classificação dos seres vivos.

Paranaster crucis, a 'Estrela do Paraná', descoberta recentemente — Foto: UFPR/Divulgação

Pesquisa

O projeto que desvendou novas espécies paranaenses durou aproximadamente três anos. No início de 2020, a pesquisa foi publicada em uma revista científica internacional.

A iniciação científica de Malton acabou se tornando o projeto de conclusão de curso dele, que deve ser apresentado no fim deste ano.

Após a graduação, o estudante já pensa em dar sequência na carreira com um mestrado na área de paleontologia.

"Gostei muito da pesquisa. Depois que esse trabalho foi publicado já percebi muitas outras possibilidades dentro deste estudo", diz.

Mesmo antes da pós-graduação, a professora Cristina Silveira Vega ressalta a importância de apresentar a ciência para quem está nos primeiros níveis da educação.

Em escolas e colégios, projetos de extensão explicam para crianças e adolescentes aquilo que eles conhecem por meio dos filmes."A gente vê como é importante investir em ciência e tecnologia. Esse incentivo a gente começa muito antes, levando a paleontologia para a escola. Vamos formando os cientistas para o futuro", pontua.

Fonte: G1 NOROESTE

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